Um presente das abelhas para a nossa saúde

Própolis pode ser um dos aliados no tratamento da Covid-19, segundo estudo inicial brasileiro

A pesquisadora Esther Bastos começou seu estudo com abelhas por volta de 1987 e trabalhou durante 30 anos com a origem botânica de mel e própolis. Diretora da startup PROBEE, que trabalha no controle de qualidade e estudo de produtos apícolas. A estudiosa acredita que o extrato de própolis tem diversos benefícios para a saúde: “A própolis tem uma atividade imunomoduladora, o que significa que ela fortalece o seu sistema imune e equilibra o sistema imunológico, deixando você mais resistente”, explica. A grande novidade de 2020 é que pesquisas relacionaram a substância como possível aliada no tratamento da Covid-19.

Antes muito procurado para aliviar os sintomas da gripe, do resfriado ou de uma simples dor de garganta, agora parece ser uma arma para lutar contra um vírus poderoso. No Brasil, os estudos com própolis no tratamento da Covid-19, mesmo em fase inicial, têm sido promissores. Segundo pesquisadores, a administração da substância reduziu pela metade o tempo de internação de pessoas que receberam doses de própolis, entre os 124 pacientes do Hospital São Rafael, em Salvador (BA).

Esther Bastos não fez parte do estudo relacionado ao tratamento do novo Coronavírus, mas foi a responsável por desenvolver as primeiras pesquisas sobre a origem botânica da própolis verde, que foi estudado em sua atividade contra microorganismos gram positivos, entre eles a bactéria Staphylococcus aureus, responsável por grande parte das infecções hospitalares que resultam em morte, fungos e candida albicans, que cresce na cavidade bucal. “Atualmente, com o surgimento da Covid, começaram a investigar qual seria a aplicação da própolis e que efeito teria no coronavírus, haja visto que a própolis também tem ação antiviral para diversos vírus já testados, inclusive para o vírus da herpes”, explica Bastos. 

Realizada pela Apis Flora, Instituto D’or e o Hospital São Rafael, localizado em Salvador (BA), a pesquisa buscou a relação entre a substância e o SARS-CoV-2. Foram selecionados voluntários com cerca de 50 anos, apresentando oito dias de sintomas e com o mesmo grau de acometimento pulmonar e comorbidades parecidas. Todos foram submetidos ao mesmo tratamento padrão a ser utilizado nos casos de internação, com a diferença que 40 pessoas receberam 200mg de própolis, 42 receberam 800mg e as 42 restantes não receberam. 

Entre os pacientes que tiveram administração da substância, além de uma recuperação mais rápida, houve diminuição de intubação e de índice de lesão renal grave. Os resultados mostraram um tempo de internação 50% menor em voluntários que receberam própolis. A hipótese é que o uso do produto, que é natural, pode interferir na proteína enzima conversora de angiotensina 2. Essa proteína interfere diretamente no processo de disseminação do vírus pelo corpo humano e, por conta disso, o tempo de internação teria sido reduzido.

Apesar dos resultados serem animadores, ainda há um longo caminho para a aprovação do uso medicinal. Por mais que a notícia seja boa, é importante frisar que ainda não há comprovação científica que, de fato, a substância seja responsável por impedir a infecção pela Covid-19, uma vez que são necessários estudos mais completos. Precisamos manter o distanciamento social e uso de máscaras.