Compostagem

O processo pode reduzir o lixo e os gases do efeito estufa

O descarte irregular de lixo afeta a saúde da população, além de poluir o meio ambiente. A compostagem é uma opção sustentável para a redução de resíduos orgânicos no Brasil, que representam 52% do volume total de lixo produzido segundo o IPEA.

Você já reparou a quantidade de lixo que produz todos os dias? Na cozinha, os restos de alimentos e resíduos orgânicos são grande parte do descarte. Para quem faz reciclagem, os resíduos orgânicos podem parecer mais difíceis de lidar, mas o lixo pode se tornar um aliado para quem tem horta ou plantas em casa e é importante para os agricultores que produzem alimentos orgânicos! A compostagem, processo que transforma lixo em adubo, é uma opção sustentável para a redução de resíduos orgânicos no planeta.

Esse processo ocorre com a decomposição de materiais orgânicos a partir de um conjunto de técnicas que buscam obter, mais rapidamente, um material rico em nutrientes minerais e substâncias húmicas. Esse material pode ser usado como adubo proporcionando a nutrição das plantas, que é um dos fatores que mais contribuem para o seu crescimento, além da preparação da terra e das condições de adaptação climática.

Descarte inadequado

No Brasil, diminuir a quantidade de lixo orgânico é uma necessidade. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o material orgânico representa cerca de 52% do volume total de resíduos no Brasil e tudo isso desemboca em aterros sanitários ou lixões. Em qualquer uma das opções, eles são depositados juntamente aos demais e não recebem nenhum tratamento específico. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), cerca de 3 mil municípios do país ainda mantêm lixões a céu aberto e quase metade utiliza os locais como depósito de resíduos sólidos. Eles ainda afirmam que, em 2019, 40,1% do lixo produzido no Brasil foi descartado de maneira incorreta, podendo afetar a saúde da população.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o saneamento básico um dos critérios determinantes para uma sociedade desenvolvida, essencial para prevenir doenças e promover a dignidade humana e o bem-estar. É mais do que urgente tratar a gestão de lixo e, no ano passado, o Senado Federal aprovou o Marco Regulatório de Saneamento Básico pela lei nº 14.026/2020. Entre outras metas para a distribuição de águas e tratamento de esgoto, o marco define o fim dos lixões à céu aberto até 2024.

Adubo para produção orgânica

Infelizmente, as metas ainda estão longe de ser cumpridas e, apesar de haver progressos propostos pelo marco, ainda há um longo caminho a ser percorrido. Por isso, enquanto a gestão de resíduos sólidos ainda não é adequada, muitas pessoas buscam lidar com seu lixo a partir da reciclagem e da compostagem, que são iniciativas pessoais que podem fazer a diferença na quantidade de lixo produzido. Na prática agrícola, o processo utilizado pelos produtores é diferente do caseiro, porque é feito em grandes quantidades.

A produtora Cecília Freitas, da Reserva Botânica das Águas Claras, explica que utiliza a compostagem para produção de adubo, que é muito importante para a agricultura orgânica. “Quando a gente trabalha com orgânicos, uma das principais coisas é ficar atento à saúde do solo, dando nutrientes para a planta, mas pensando na estrutura do solo a longo prazo. Por isso, a gente não utiliza os adubos químicos, que são produzidos a partir de processos danosos e promovem a acidez do solo”, afirma. Eles utilizam a matéria orgânica e elementos naturais disponíveis, que melhoram a estrutura e as relações bióticas no solo, trazendo ganhos duradouros.

No caso da Reserva Botânica, Cecília explica que eles fazem dois tipos de compostagem. O minhocário, funciona a partir da criação das minhocas, que são colocadas no esterco para “processar” os resíduos. O húmus de minhoca só é aplicado em coisas mais específicas que exigem um cuidado maior, como produção de mudas para a horta. É um produto para situações em que é necessária uma dedicação maior ao solo e à plantação.

No plantio mais extenso, de batata-doce e inhame, outro composto é utilizado. Para alcançar a quantidade necessária, foi preciso achar uma fonte vegetal abundante e barata. No caso da Reserva Botânica, como já existem algumas capineiras plantadas para os cavalos, o capim foi o material escolhido, pela rapidez de crescimento e facilidade de corte. O capim picado é arrumado em camadas com esterco bovino ou de galinha e pó de rocha, um insumo natural, fonte de vários nutrientes como fósforo e potássio. Eles ainda adicionam microrganismos eficientes (EM), seleção de fungos que utilizam para acelerar o processo de decomposição. O monte, formado pelas camadas, é então umedecido e revirado a cada duas semanas e leva 3 meses para ficar pronto. “O desafio é aumentar a quantidade de nitrogênio. Fazemos análises em laboratório e é sempre preciso um pouco mais desse nutriente. Mas vamos conseguir com mais testes”, afirma a proprietária. O nitrogênio é o elemento principal na formação da molécula responsável pela fotossíntese, essencial para o crescimento das plantas.

Compostagem urbana

Já a compostagem do lixo doméstico, que não é de larga escala como no caso de Cecília, pode ser feita em casa ou por uma empresa especializada, transformando restos de legumes, frutas e outros resíduos em adubo. O material deve ser depositado na composteira e é necessário seguir alguns passos para facilitar o processo. Se você é cadastrado no site do Meu amigo tem um sítio, já recebeu nosso e-mail sobre como fazer sua composteira ou possibilidades de empresas que recolhem o lixo orgânico e entregam o adubo pronto.

Recomendamos a Roda Verde, para moradores de Niterói, a Composta’e Resíduos, para a área da Grande Tijuca, e a Ciclo Orgânico, para moradores da Zona Sul, Oeste e Norte do Rio de Janeiro. Vamos nos unir nesse movimento pela sustentabilidade, em sincronia com a natureza!