Criada por Renata Salles, Remar se consolidou como distribuidora de pescados feito por mulheres
A Remar, distribuidora de pescados, foi criada na pandemia por Renata Salles, que decidiu abrir a empresa após o sucesso inesperado ao vender uma caixa de camarão a conhecidos. O empreendimento segue crescendo, mesmo em meio a um mercado de trabalho em que há pouca visibilidade para mulheres, e agora é uma das nossas empresas parceiras.
Quando Renata Salles perguntou a um grupo de amigos se gostariam de comprar camarão, ela não esperava criar uma empresa própria. Seu marido, Marcelo Estevez, trabalha com pescados há 26 anos e tinha algumas caixas de camarão disponíveis.
De primeira, Renata vendeu 40 kg de camarão em menos de uma hora. Com o sucesso inicial, ela, que estava terminando sua graduação em Psicologia, decidiu então abrir a Remar, a nova parceria do Meu amigo tem um sítio.
Foi um rumo inesperado, mas que já lhe rendeu bons frutos. “Nunca imaginamos construir a Remar, foi uma ideia rápida, uma luz. Então, resolvi arriscar e deu certo! Deixei o curso de Psicologia e me tornei empresária! Estou muito feliz, eu amo o que faço”, afirma Renata.
Criada em 2020, a Remar começou assim: Marcelo trazia os pescados e Renata ensacava, pesava e entregava em cada casa. Ele, no volante, e ela, em contato com os clientes. Hoje, mais de mil e quinhentas pessoas fazem parte do grupo de clientes fiéis que Renata atende. E a equipe cresceu, contando agora com nove colaboradores.
“Sempre fiz questão de não entregar a mercadoria de qualquer jeito. Nossa entrega é feita a vácuo, em isopores e mandamos o peixe de meio em meio quilo, para facilitar o congelamento do cliente”, explica a empresária.
Mulheres na pesca
Apesar de, historicamente, os homens terem dominado a maior parte do espaço e da cultura pesqueira, os números mostram que há diversas mulheres na pesca. Segundo dados do Ministério da Agricultura, Pesca e Abastecimento, dos quase um milhão de pescadores artesanais, 45% são mulheres.
A maioria delas são filhas de pescadores, que se dividem em funções como pescadoras, fileteiras, descascadeiras, marisqueiras, catadoras e vendedoras. Mas, se numericamente elas representam quase a metade dos pescadores artesanais, por que há tanta invisibilidade?
Assim como em diversas áreas do mercado de trabalho, a invisibilidade das mulheres na pesca é histórica. Foi só a partir de 1980, com a Lei 6.807, que as mulheres conseguiram ter o direito ao registro de pesca. A divisão sexual do trabalho, neste campo, valoriza o trabalho masculino em detrimento do feminino, assim como acontece na maioria das regiões rurais.
Em muitos espaços, as mulheres do campo e da pesca ainda são vistas apenas como “ajudantes”. Mas, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), elas representam 90% das pessoas que trabalham com atividades secundárias da pesca, denominadas atividades de apoio à pesca.
Por isso, é comum se deparar com mulheres confeccionando redes e capturando mariscos, moluscos, peixes, assim como fazendo a venda e comercialização do pescado. Entretanto, desde 2017, um Decreto exclui as atividades de apoio à pesca do Registro Geral das Atividades Pesqueiras, concedendo os direitos do registo exclusivamente à atividade de tirar o peixe da água.
Segundo a lei, a pesca comercial é definida como “toda operação, ação ou ato tendente a extrair, colher, apanhar, apreender ou capturar recursos pesqueiros” (PORTARIA SAP/MAPA Nº 265). Ou seja, no restante da cadeia produtiva, justamente onde está a maioria das mulheres, não há mais amparo legal para as práticas de apoio à pesca, formalmente.
Empreendedorismo feminino
Renata Salles faz parte exatamente desse grupo de mulheres que trabalham com atividades secundárias da pesca. Responsável pela venda e distribuição de pescado, ela ainda enfrenta um ambiente bastante masculino de trabalho, mas isso não a desanima.
“Exatamente por ser um ambiente com muitos homens, eu resolvi inovar nas embalagens, na entrega, no uniforme, por exemplo. Estou sempre supervisionando tudo! A maioria das pessoas que recebem nossos produtos em casa são mulheres e eu acho que são até mais exigentes”, brinca.
O cuidado com o produto e com a entrega são práticas diárias da Remar, tudo supervisionado pelo olhar detalhista de Renata, que garante que os peixes sejam sempre entregues de acordo com seu padrão de qualidade.
Quando ela não está na empresa, quem responde pelas decisões é Carla Abreu, gerente geral que cuida do administrativo e da venda. “Ela é o meu braço direito, com certeza, além de minha amiga há 35 anos”, comenta Renata.
É nessa parceria que a empresa se apoiou para crescer no último ano, contando com duas mulheres fortes para levar o negócio à frente, além da participação ativa de Marcelo Estevez, marido de Carla. Um dos diferenciais é a garantia dos pescados de qualidade, que são recebidos e vendidos ainda frescos.
Além dos peixes, a Remar também vende petiscos congelados preparados por chefs de cozinha como ceviche de linguado com camarão, tartar de salmão, casquinha de siri, croquete e pastel de camarão. Você pode conferir mais do trabalho da Remar nas suas redes sociais, ou comprar conosco!